quinta-feira, 30 de agosto de 2018



Em um mundo às vezes imprevisível encontrar as pessoas certas no momento errado das nossas vidas pode ser uma experiência mais marcante que encontros previsíveis.

A vida é assim... nunca podemos culpar o vento pela desordem feita se somos nós quem deixamos as janelas abertas...

" A vida é composta de momento-segundo. Vários momentos. Muitos momentos. São momentos e mais momentos, entrelaçados uns nos outros, numa sequência definida pelo tempo. Como a água de um rio, que corre sem cessar, num contínuo viver...
E cada momento, embora em sequência bem definida, permanece ele próprio, único! Cada momento da vida é ele próprio, como a sequência de um filme, fotografias e mais fotografias.....take one, take two....
Mas a vida, a sequência de fotografias não se pode repetir, como nas cenas de um filme. Na vida não há hipótese de repetir as cenas, por vezes, muitas vezes. Não se pode escolher a mesma cena para a vida. A vida é ela própria. Cada cena é irrepetível! Não pode ser retocada, animada ou multiplicada.
A cena do momento a seguir é diferente. Às vezes, totalmente diferente. Às vezes, como se não fizesse parte do mesmo filme de vida.

Cada momento é irrepetível! Como a água de um rio, que corre sem parar, e que nunca é a mesma! Nunca é a mesma água a passar pelo mesmo rio. Tal como nunca é o mesmo momento a repetir-se!
E se o momento é irrepetível, se cada momento da vida não se vai repetir, porque razão não o conseguiremos viver intensamente, ou pelo menos, saber aproveitá-lo?
Porque razão não viver intensamente cada momento presente, exatamente como se fosse o último dia da vida?
Não saberemos aproveitar cada momento? Não saberemos viver? Não saberemos fazer a composição correta de todos os momentos da nossa vida?

E se começássemos a viver cada momento, como se fosse o último? E vivê-lo intensamente, dado que é único? E compor momentos únicos e intensos não é sinónimo de um bom filme de vida?
Vivendo cada momento intensamente, e isto quer dizer com imenso amor, não conseguiríamos ter um filme da vida de muito melhor qualidade do que desperdiçar a maioria das cenas do momento presente?

Quando fizermos a composição do filme da vida, não teremos um défice de filme de vida, não teremos apenas algumas fotografias para recordar?
E nessa altura não diremos que o filme da nossa vida são apenas algumas cenas (fotografias do momento presente) e que não são suficientes para fazermos um filme de vida? E nessa altura não diremos que desperdiçamos momentos e momentos? E aí não diremos que desperdiçamos a própria vida? “

Antonio Ramalho
Adaptação: Raquel Gonçalves